Carta de despedida

Caneta em mãos, papel em branco. Escrevendo as letras da forma mais sensual permitida a meros símbolos. De todas as palavras doces e saborosas que poderia escrever, optou pelas mais amargas e sombrias, porém verdadeiras.
Não queria fazer aquilo, não era algo que lhe dava prazer, pelo contrário, lhe doía escrever sentenças que iriam perfurar o coração de seu amado como uma adaga de lâmina fria. Mas, antes uma adaga impiedosa, do que o veneno que iria matá-los aos poucos.
É claro, tentara amenizar a ferida que aquilo iria produzir, mas, mesmo com todas as desculpas que poderia escrever ou todas as memórias maravilhosas que tentou narrar, a dureza do adeus continuou vitoriosa.
Não tinha porque prolongar este sofrimento, decidiu terminar a sua carta com um "eu te amo", o último que diria a ele.
Deixou a carta na cama que eles tanto se amaram, pegou a sua mala e saiu daquela casa, para nunca mais voltar.